Pergunte a qualquer mulher que conheça: Quais
são as suas ocupações? Tenho certeza que poucas são as que elencarão apenas 1
ou 2 atividades. As mulheres de hoje são capazes. As mulheres de hoje são
corajosas. As mulheres de hoje são vorazes.
É
claro que notamos que na virada do século, houveram muitas outras “viradas”. E
redijo uma delas aqui: a virada do mundo feminino. Antes as mulheres eram
aquelas que colhiam raízes e cuidavam da horta, enquanto os homens saíam para
caçar. Depois cuidavam do lar e das crianças, enquanto os homens trabalhavam
para ganhar o sustento da casa. Hoje as mulheres cuidam do lar e das crianças
como antes, mas também dirigem, trabalham, se exercitam, tomam decisões, marcam
reuniões, fazem, atuam, dizem, ... O acúmulo de papéis desempenhados pela
mulher é muito maior, mas engana-se quem acha que está ai o grande desafio. Na
verdade, o desafio está em acharmos novamente a nossa essência feminina, pois
com essa confusão o feminino também se perdeu.
Observamos
não em todas, mas na maioria, mulheres-homens, que esqueceram e afogaram o lado
feminino em prol de exercer o lado prático da vida. Transformam-se em mulheres
inescrupulosas, brutais, grosseiras e superenérgicas. Não digo que o que fazemos hoje não seja
necessário, mas talvez tenhamos perdido a mão de como fazer. O lado masculino
na mulher (chamado na Psicologia Analítica de Animus) causa opiniões
categóricas e rígidas demais, críticas aos outros e a ela mesma.
A
mulher precisa estar consciente de que há algo funcionando de maneira
inadequada e tomar consciência da atuação deste “homem em si mesma” e
diferenciá-lo de si própria, caso contrário continuará possuída por opiniões e
humores.
A
relação com o masculino positivo proporciona a capacidade de focalização e de
conexão, pode ser uma fonte de encorajamento, contenção e proteção (Bourscheid,
n/d).
É
preciso gestar as qualidades e características femininas, como a paciência, a
entrega, a sensibilidade, a segurança, a afetividade, e por essência feminina, o
nutrir e o acolher. O desprezo por essas características femininas tornam as
mulheres “workaholics” e guerreiras sem escrúpulos.
Há
aí o desafio de que falamos: viver a vida prática com tudo o que ela nos exige,
porém de uma outra maneira. Vivenciar e nos reconectar com o valor do feminino
parece ser o X da questão.
Fonte:
A mulher do século XXI: Rumo à redescoberta
do feminino - por Rafaella
Bourscheid
(em: www.ijrs.org.br/includes/_incDownload.php?arquivo=arq...1.pd)