domingo, 6 de abril de 2014

Sombra

Jung nos deu uma definição bem clara de sombra: “a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser”. Nesta frase estão incluídas as variadas referências à sombra como o lado negativo e obscuro da personalidade.
Às vezes queremos acreditar que não temos lados negros. Lutamos para não enxergar ou não admitir uma falha, um lado sem valor ou uma característica dada como desajustada. E não é fácil aceitarmos em nós mesmos lados que sempre julgamos como maus e que não queremos aceitar como parte de nós. Dói aceitarmos o que julgamos como ruim, ainda mais o que vem de dentro da gente.
Mas como podemos nos conhecer mais profundamente se nos recusarmos a olhar para essa parte escura? Se encararmos a sombra em nós temos a chance de torná-la consciente, torná-la parte do que somos.
Segundo Jung:
Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Se uma inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-la. Além do mais, ela está constantemente em contato com outros interesses, de modo que está continuamente sujeita a modificações. Porém, se é reprimida e isolada da consciência, jamais é corrigida, e pode irromper subitamente em um momento de inconsciência. De qualquer modo, forma um obstáculo inconsciente, impedindo nossos mais bem-intencionados propósitos (CW11, § 131).

            O processo de rejeitarmos a sombra é que a torna inferior e desadaptada. O fato de nossas características sombrias serem vivenciadas de forma pouco intensa pelo consciente é o que impede seu desenvolvimento.
            Coragem para enfrentar a escuridão. 





"Uma pessoa não se torna iluminada ao imaginar formas luminosas, mas sim ao tornar consciente a escuridão. Esse último procedimento, no entanto, é desagradável e, portanto, impopular.” (Jung)