Jung
nos deu uma definição bem clara de sombra: “a coisa que uma pessoa não tem
desejo de ser”. Nesta frase estão incluídas as variadas referências à sombra
como o lado negativo e obscuro da personalidade.
Às
vezes queremos acreditar que não temos lados negros. Lutamos para não enxergar
ou não admitir uma falha, um lado sem valor ou uma característica dada como
desajustada. E não é fácil aceitarmos em nós mesmos lados que sempre julgamos
como maus e que não queremos aceitar como parte de nós. Dói aceitarmos o que
julgamos como ruim, ainda mais o que vem de dentro da gente.
Mas
como podemos nos conhecer mais profundamente se nos recusarmos a olhar para
essa parte escura? Se encararmos a sombra em nós temos a chance de torná-la
consciente, torná-la parte do que somos.
Segundo
Jung:
Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está
incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Se uma
inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-la. Além
do mais, ela está constantemente em contato com outros interesses, de modo que
está continuamente sujeita a modificações. Porém, se é reprimida e isolada da
consciência, jamais é corrigida, e pode irromper subitamente em um momento de
inconsciência. De qualquer modo, forma um obstáculo inconsciente, impedindo
nossos mais bem-intencionados propósitos (CW11, § 131).
O
processo de rejeitarmos a sombra é que a torna inferior e desadaptada. O fato de
nossas características sombrias serem vivenciadas de forma pouco intensa pelo
consciente é o que impede seu desenvolvimento.
Coragem para enfrentar a escuridão.
"Uma
pessoa não se torna iluminada ao imaginar formas luminosas, mas sim ao tornar
consciente a escuridão. Esse último procedimento, no entanto, é desagradável e,
portanto, impopular.” (Jung)