Síndrome do ninho vazio é aquela fase em que
os filhos saem de casa e quando a mãe, que cuidou e nutriu seus bebês fica sem
saber o que fazer com a ausência deles.
São por muitos motivos para a saída dos
filhos de casa, faculdade, casamento, quando vão para outro país, ou mesmo
quando vão simplesmente morar sozinhos. A questão é que os pais, mas
principalmente a mãe, por que é dela que vamos falar mais, perdem um
relacionamento importantíssimo. A mãe foi figura maternal e além da perda da
pessoa e do relacionamento, falamos também da perda de seu papel de mãe; papel
este que lhe deu sentido de poder, importância e significado para sua vida.
As mulheres que mais sofrem com o ninho vazio
são as visitadas pela deusa Deméter. Esta deusa é a do cereal, da colheita, da
mãe. Sua vida faz muito mais sentido e é preenchida quando exerce o papel de
cuidadora e nutridora, se sente feliz por estar grávida, gerar filhos e cuidar
deles. Muitas vezes esse arquétipo constela em outras áreas, no trabalho, por
exemplo, quando escolhe profissões ligadas a assistência, ajudar pessoas a
estarem bem e a crescerem. Isso traz muita satisfação para esta deusa.
Mães sofrem muito com a ida de seus filhos
para longe. Acostumadas a estar com eles, vê-los todos os dias, cuidar deles,
se preocupar, saber onde estão. Muitas delas desejam um filho desde quando podem
lembrar-se, ninando bonecas, sendo “mamãezinha”. A ausência desta figura que
ela depositou tanta expectativa, tanto apoio, tanto amor, pode causar nela um
quadro depressivo.
Quando o arquétipo da deusa Deméter chega ao
seu extremo, a mãe torna-se deprimida, incapaz de agir, tudo parece triste e
improdutivo. O mundo fica sem significado. Reagem de forma agitada ou apática,
em ambos os casos expressa sua mágoa, pois uma fonte de significado vital foi
afastada.
Um estudo muito interessante conduzido pela fotógrafa Dona Schwartz, nos retrata como ficam a casa dos pais depois que os
filhos partem. Na realidade como ficam os quatros destes últimos, quando não
estão mais ocupando-os. Dona reparou que ao contrário da preparação que existe
para a chegada de um bebê, os pais não preparam a saída.
“Em algumas
das casas, as pessoas não precisam do espaço do quarto e, por isso,
simplesmente o deixam fechado e intacto. Em outras, onde o espaço faz falta, há
um dilema entre aproveitá-lo ou deixá-lo guardando memórias. Já a resposta
emocional de cada pai é muito variada – desde os pais que sentem algum alívio e
liberdade, aos que sofrem com a partida.” (Viegas, 2014)
Algumas das fotos:
Pam e Bill, 2 meses da partida de seu filho
Amy e Andy, 2 anos
Kathy e Lyonel, 8 meses
Chris e Susan, 7 meses
Lollie e Alan, 3 meses
Jean, 2 anos
Gloria e Alan, 5 anos
A mulher
tipo Deméter que sofreu a independência de seu filho, pode se tornar angustiada
e deprimida. A perda de algo de valor se reflete em uma vida vazia e monótona.
Como acontece em cada mitologia divina, é possível uma mudar se “acomodar”
nesta fase e viver a depressão por muito tempo, mas é possível também mudar
para outro padrão de mito e desenvolver-se. Algumas destas mulheres nunca se
recuperam, mantendo suas vidas amargas e improdutivas.
A
recuperação deste estado depressivo é possível e o crescimento o acompanha. O
tempo passa. Essa mãe começa a reparar que o céu é azul, ou é tocada de compaixão
por alguém, ou retoma uma atividade há muito tempo perdida. Descobre que existe
energia.
A mulher
volta para ela própria, cheia de vitalidade e generosidade, reunindo aquele
aspecto de si mesma que estava esquecido. Emerge ai uma nova pessoa, após o período
de sofrimento nasce uma mulher com maior sabedora e compreensão espiritual. Aprende
que pode viver através do que quer que aconteça, sabendo que após o inverno vem
a primavera e que a experiência humana e o amadurecimento seguem certos
padrões.
Referência:
Bolen, J. S. As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. São Paulo: Paulus, 1990.
http://www.hypeness.com.br/2014/02/sindrome-do-ninho-vazio-serie-fotografica-mostra-pais-nos-quartos-dos-filhos-que-sairam-de-casa/