segunda-feira, 20 de junho de 2016

Ser simplesmente humano: Pensamentos da Monja Coen

              Monja Coen Sensei, fez seus votos monásticos em 1983 e desde então vive esta prática religiosa. Antes de se tornar monja, foi jornalista do Jornal da Tarde, morou na Inglaterra e em Los Angeles nos Estados Unidos. Foi neste ultimo país que iniciou sua prática. Tem uma filha que ficou aos cuidados de sua mãe, enquanto ela buscava seu caminho pelo mundo.
            Mudou-se para o Japão, onde morou durante 8 anos no mosteiro feminino de Nagoya, tendo-se graduado monja especial (Tokuso), habilitada a ser professora do Darma Budista de monjes, monjas, leigos e leigas.
            Coen casou-se com um monje japonês e em 1995, foram nomeados Missionários da tradição Soto Shu para o Brasil e serviram a comunidade do Templo Busshinji, na cidade de São Paulo até o ano de 2001. Se separaram e Coen passou a morar no Brasil definitivamente.
            Através de seus ensinamentos, a monja tenta nos passar seu conhecimento de alma
            Em entrevista para GNT em 2006, a monja nos dá alguns ensinamentos, os quais reproduzo trechos aqui:

A irritação nos torna maléfica quando ela nos controla. É diferente quando você se deixa controlar por ela. Se deixar controlar pela raiva, a raiva engole você. Mas quando você percebe, isso me incomoda, isso não está bem, isso precisa ser diferente, eu vou procurar meios não violentos de transformar.

É preciso que a gente sofra as dores do mundo, sinta as dores do mundo. A idéia é que vai ficar tudo bem, tudo zen, isso é errado. Nós temos que estar sentindo a compaixão. Isso significa que eu sinto com você, eu sinto a sua alegria, eu sinto a sua dor e por sermos iguais eu vou procurar meios de transformar. E não porque eu não sinto nada e está todo mundo sofrendo, todo mundo superior, isso não é iluminação.

O que temos que perceber é que somos perfeitos como somos e somos um processo em transformação. Havia um monge no século VII que foi da índia para a china que se chamava Bodhidharma, ele dizia “cai sete vezes, levanta-te oito”. Erro, vou tentar outra vez, fico irritado, percebo a minha irritação. E o que é a irritação? Onde é que ela começa? Ela é quente? Ela é fria? Meu coração acelera? Minha respiração muda? Há contração muscular? Então o nosso trabalho é ficar presente na emoção. Que emoção é esta? Eu, ser humano, tenho essa emoção, que bom. Nós temos inúmeros botõezinhos, e quem nos conhece as vezes mais próximo ainda é capaz de tocar com mais assertividade aquele que nos irrita e incomoda. Por que? Por que na hora que eu incomodo você, você é minha.

Nós somos seres humanos, independente se somos monges ou não somos monges. Antes de tudo, somos humanos.

(falando sobre o voto de castidade pessoal que havia feito há anos e quando conheceu um monge japonês, com o qual viria a se casar) Acho que na nossa vida, quando queremos ficar muito rígidos, muito duros, alguma coisa vem e mexe para dizer “não crie barreiras, não se feche, não se limite”. Então eu deixei aberto e nos casamos.

            Monja Coen tem a tarefa que espalhar seu conhecimento, de tocar as pessoas, de tirá-las da rigidez e da monotonia do dia a dia. Você já parou para pensar em quais momentos você faz uma reflexão sobre a sua vida?
        Ao ouvi-la, através de seu relato muitas vezes pessoal, percebemos que ela é humana, que é como a gente. Tem suas dores, também caiu em seus buracos, também ficou na escuridão. Recebemos um convite da vida, sermos apenas o que somos.
            Coen é, antes de mais nada, simplesmente humana. Que sorte a nossa!



Ficou curioso?
Assista os vídeos: