Monja
Coen Sensei, fez seus votos monásticos em 1983 e desde então vive esta prática
religiosa. Antes de se tornar monja, foi jornalista do Jornal da Tarde, morou
na Inglaterra e em Los Angeles nos Estados Unidos. Foi neste ultimo país que
iniciou sua prática. Tem uma filha que ficou aos cuidados de sua mãe, enquanto
ela buscava seu caminho pelo mundo.
Mudou-se para o Japão, onde morou
durante 8 anos no mosteiro feminino de Nagoya, tendo-se graduado monja especial
(Tokuso), habilitada a ser professora do Darma Budista de monjes, monjas,
leigos e leigas.
Coen casou-se com um monje japonês e
em 1995, foram nomeados Missionários da tradição
Soto Shu para o Brasil e serviram a comunidade do Templo Busshinji, na cidade
de São Paulo até o ano de 2001. Se separaram e Coen passou a morar no Brasil
definitivamente.
Através de
seus ensinamentos, a monja tenta nos passar seu conhecimento de alma
Em
entrevista para GNT em 2006, a monja nos dá alguns ensinamentos, os quais
reproduzo trechos aqui:
A
irritação nos torna maléfica quando ela nos controla. É diferente quando você
se deixa controlar por ela. Se deixar controlar pela raiva, a raiva engole
você. Mas quando você percebe, isso me incomoda, isso não está bem, isso
precisa ser diferente, eu vou procurar meios não violentos de transformar.
É
preciso que a gente sofra as dores do mundo, sinta as dores do mundo. A idéia é
que vai ficar tudo bem, tudo zen, isso é errado. Nós temos que estar sentindo a
compaixão. Isso significa que eu sinto com você, eu sinto a sua alegria, eu
sinto a sua dor e por sermos iguais eu vou procurar meios de transformar. E não
porque eu não sinto nada e está todo mundo sofrendo, todo mundo superior, isso
não é iluminação.
O que
temos que perceber é que somos perfeitos como somos e somos um processo em transformação.
Havia um monge no século VII que foi da índia para a china que se chamava Bodhidharma, ele dizia “cai sete vezes, levanta-te oito”. Erro, vou
tentar outra vez, fico irritado, percebo a minha irritação. E o que é a
irritação? Onde é que ela começa? Ela é quente? Ela é fria? Meu coração
acelera? Minha respiração muda? Há contração muscular? Então o nosso trabalho é
ficar presente na emoção. Que emoção é esta? Eu, ser humano, tenho essa emoção,
que bom. Nós temos inúmeros botõezinhos, e quem nos conhece as vezes mais
próximo ainda é capaz de tocar com mais assertividade aquele que nos irrita e
incomoda. Por que? Por que na hora que eu incomodo você, você é minha.
Nós
somos seres humanos, independente se somos monges ou não somos monges. Antes de
tudo, somos humanos.
(falando
sobre o voto de castidade pessoal que havia feito há anos e quando conheceu um
monge japonês, com o qual viria a se casar) Acho que na nossa vida, quando
queremos ficar muito rígidos, muito duros, alguma coisa vem e mexe para dizer
“não crie barreiras, não se feche, não se limite”. Então eu deixei aberto e nos
casamos.
Monja Coen tem a tarefa que espalhar
seu conhecimento, de tocar as pessoas, de tirá-las da rigidez e da monotonia do
dia a dia. Você já parou para pensar em quais momentos você faz uma reflexão
sobre a sua vida?
Ao ouvi-la, através de seu relato
muitas vezes pessoal, percebemos que ela é humana, que é como a gente. Tem suas
dores, também caiu em seus buracos, também ficou na escuridão. Recebemos um
convite da vida, sermos apenas o que somos.
Coen é, antes de mais nada, simplesmente
humana. Que sorte a nossa!
Ficou curioso?
Assista os vídeos: