quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Qual deusa te visita? Um pouco sobre a sabedoria da deusa Atenas.

Atenas é a deusa grega da sabedoria e das artes. Conhecida pelos romanos como Minerva é uma das deusas virgens, assim como Ártemis (ler artigo anterior).
            Filha de Zeus e Métis, seu nascimento aconteceu de forma curiosa. Quando Métis estava grávida, Zeus, com medo de que sua filha se tornasse mais poderosa que ele, propõe uma brincadeira para a esposa, cada um se transformaria em um animal diferente. Ela se transforma, então, em uma mosca e Zeus a engole; Métis vai parar na cabeça de seu marido. Com o passar do tempo, a cabeça começa a crescer e ele passa a sentir fortes dores, parecida com dores de parto. Pediu então para que Hefesto lhe desse uma machadada, e de lá saiu Atenas, já com armadura e escudo.
            Atenas considerava-se portadora de um só genitor, seu pai. Era seu braço direito e fiel escudeira. Foi a única deusa olímpica a quem Zeus confiou seu raio e escudo, símbolos de seu poder.
            Uma mulher visitada por Atenas é conhecida por suas estratégias vitoriosas e soluções práticas, normalmente são mulheres de mente lógica, e colocam a razão acima da emoção. Como deusa virgem, pretende fazer coisas por si própria, sem esperar que um príncipe encantado venha para lhe salvar. Aprecia seu trabalho e o realiza com o máximo afinco, aceita a realidade tal como ela é e se adapta.
            Mulheres deste tipo tem uma facilidade muito grande em administrar a casa. Sentem-se desafiadas a viver dentro do orçamento e a organizar o cronograma de mercado-lavanderia-filhos. Tal organização lhe é natural e as provocam intelectualmente. Enquanto arquétipo de “filha do pai”, Atenas tende a ser uma mulher que tem ao seu lado homens poderosos, responsáveis e que exercitam a autoridade, sejam eles seus maridos ou chefes. Uma vez que eles lhe dão um voto de fidelidade, “mulheres-Atenas” se tornarão suas defensoras e protetoras.
Uma característica já citada e muito marcante de Atenas é sua racionalidade. Deixa muito de lado seu lado emocional, ficando muitas vezes encouraçada por esse modo de ser. Defende-se do sofrimento e das emoções pela racionalidade. Por exemplo, no meio de uma agitação emocional, ela permanece impenetrável ao sentimento enquanto observa e analisa o que está acontecendo, reflete e decide o que fará. É por esse motivo também que é conhecida como deusa da guerra, sua estratégia é certeira. Ela nunca perde a cabeça, o coração ou o autocontrole, vive o meio-termo e não é esmagada pelos sentimentos irracionais.
Essa mulher se acostumou com a unilateralidade, as emoções são esquecidas e deixadas para lá. Se por um lado, isso a ajuda a ter desempenho excelente no trabalho, áreas acadêmicas e organização da casa, por outro negligencia seu lado erótico, de intimidade, paixão ou êxtase.

Agindo intelectualmente, a mulher tipo Atenas perde a experiência de realizar-se na íntegra quanto a seu corpo. Ela sabe pouco sobre sensualidade. Atenas mantém a mulher “acima” do seu nível instintivo, e portanto ela não sente a força total de seus instintos maternais, sexuais, ou proativos.(Bolen, 1990).
  
            Isso não quer dizer que ela não se casará ou terá filhos. Isso pode acontecer ou não. Provavelmente se casará com um homem que trabalha muito e que seja respeitado, assim como Zeus. Ela será sua aliada e companheira na estratégia da carreira e dos negócios, trabalhando ao seu lado se isso for necessário. Pode gerar filhos ou herdeiros, como parte da parceria. Porém a comunicação a respeito dos sentimentos pode não existir, ou porque ele menospreza sentimentos assim como a esposa, ou porque aprendeu que ela não entende sobre isso. Em relação aos filhos, Atenas não vê a hora de eles crescerem e chegarem a idade de conversar para poderem traçar projetos juntos. Adora quando cria filhos competitivos, extrovertidos e intelectualmente curiosos, pensa que estarão sendo heróis em formação. Espera que estes filhos façam  que se espera deles, superando acontecimentos emotivos e se tornem “bons soldados”, assim como ela.
            A mulher desse tipo pode intimidar os outros e afastar a espontaneidade e vitalidade dos que não são como ela. Com sua atitude crítica e insensível, falta-lhe empatia, essencial para relacionamentos interpessoais.
            Para um desenvolvimento pleno deste tipo de personalidade, é necessário que a mulher se volte para seu interior, descobrindo atividades que não sejam ligadas ao trabalho, mas sim que lhe possibilite desligar-se dele. Atenas nunca foi criança, já nasceu adulta, logo, recuperar sua criança interior também é um caminho para tornar-se mais inteira. Como uma criança, deverá abordar a vida aos olhos infantis, em que tudo é novo e ainda por ser descoberto, ou ainda quando alguém lhe contar algo novo, ela deverá ouvir e imaginar o melhor que puder da cena e dos sentimentos ali presentes. Precisa viver os momentos com emoção, rindo, brincando e chorando. Outro resgate que deve ser feito é o da mãe, normalmente mulheres-Atenas depreciam suas mães dando maior ênfase ao pai e suas conquistas, é preciso descobrir as energias da mãe e valorizar quaisquer semelhanças entre as duas, ou então experienciar a maternidade e sentir-se mãe.

            É interessante que a mulher deste tipo aprenda sobre os valores matriarcais e femininos, além do tradicional patriarcado que está acostumada. Mudando sua perspectiva, pode começar a pensar diferente sobre outras mulheres e depois sobre si própria. 


Referência: Bolen, J. S. As Deusas e a Mulher: nova psicologia das mulheres. São Paulo: Paulus, 1990.