terça-feira, 17 de maio de 2016

The Walking Dead: Seríamos nós os "mortos-vivos"?

              Tenho certeza que você está acompanhando alguma série de TV. Ou se não acompanha, tem um amigo que é absolutamente viciado em alguma e vibra a cada novo episódio ou a cada novo acontecimento da trama.
            São muitas as séries de sucesso: Game of Thrones, Breaking Bad, Grey´s Anatomy, How to get away with murder, Orange is the new black, Pablo Escobar: El Patrón del Mal. Mas pretendo falar aqui hoje sobre uma em especial – The Walking Dead.
            Resumidamente a série conta a história das semanas e meses que se seguem a um apocalipse zumbi pandêmico e acompanha um grupo de sobreviventes. Dirigidos pelo agente de polícia Rick Grimes, eles viajam em busca de um local seguro e a salvo. Sofrem, porém, diariamente grande pressão da luta contra a morte, o que se torna num fardo bastante pesado, fazendo com que algumas pessoas desçam ao mais baixo nível da crueldade.
            Pelo título da série e pelo que ela inicialmente parece oferecer, são poucas as pessoas que se sentem atraídas para assisti-la, achando que será apenas mais uma das histórias em que zumbis ficam vagando a procura de cérebros para se alimentarem, muita explosão de miolos e violência gratuita. Acontece que The Walking Dead é uma série que retrata não a relação entre seres humanos e zumbis e sim entre seres humanos e seres humanos.
À medida que Rick (que é o protagonista) luta para manter a sua família viva, acaba por descobrir que os sobreviventes podem ser bem mais perigosos do que os zumbis que vagueiam pelo nosso planeta.
O que verdadeiramente chama a atenção e nos faz refletir é o fato de expor de maneira extrema a luta pela sobrevivência. Tanto aqui como no mundo pós-apocalíptico, tem-se que ser mais esperto do que os outros, se não, paga-se um alto preço. Aqui, no mundo real, usamos discursos e cargos públicos; lá, armas e grades. Sem leis e sem religião, com o super-ego diluído e ausência de punição, a consciência se torna livre. Encontram-se livres na mente, estão porém, presos no corpo.
Teoricamente poderiam inventar um jeito novo de se relacionarem, afinal o que existia até então virou pó e ficou no passado. Acontece que temos muito mais da humanidade do que gostaríamos e a relação entre os vivos torna-se, até certo ponto, caótica. A luta pelo lugar tranquilo se dá ao som de tiros.
No livro “A arte da guerra” de Sun Tzu, é colocado já nas primeiras páginas um pensamento que diz que o objetivo de toda guerra é a paz. Estão dizendo que fazemos guerra, matamos pessoas, enviamos nossos homens e damos armas a eles para que matem outros homens, compramos munição, desenvolvemos ciência cada vez mais avançada para criar meios cada vez mais eficazes de matar, para no final disso ter paz? Contraditório. Parece-me que não cabem tantos egos e tantos desejos dentro de um único mundo.
Na série, os grupos de sobreviventes não confiam uns nos outros, se saqueiam, roubam os lugares seguros, mentem, racionam comida e água. Inicialmente eram os zumbis os seres a serem aniquilados a fim de manter a ordem, era deles o medo; percebemos então, que os mais temidos são na verdade os seres humanos.

Quem fala mais de nós, os zumbis ou os vivos?



Referências:
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4442552 (Acessado em 10 de Maio de 2016)