Tenho
certeza que você está acompanhando alguma série de TV. Ou se não acompanha, tem
um amigo que é absolutamente viciado em alguma e vibra a cada novo episódio ou
a cada novo acontecimento da trama.
São muitas as séries de sucesso:
Game of Thrones, Breaking Bad, Grey´s Anatomy, How to get away with murder, Orange
is the new black, Pablo Escobar: El Patrón del Mal. Mas pretendo falar aqui
hoje sobre uma em especial – The Walking Dead.
Resumidamente a série conta a
história das semanas e meses que se seguem a um apocalipse zumbi pandêmico e
acompanha um grupo de sobreviventes. Dirigidos pelo agente de polícia Rick
Grimes, eles viajam em busca de um local seguro e a salvo. Sofrem, porém, diariamente
grande pressão da luta contra a morte, o que se torna num fardo bastante
pesado, fazendo com que algumas pessoas desçam ao mais baixo nível da
crueldade.
Pelo título da série e pelo que ela
inicialmente parece oferecer, são poucas as pessoas que se sentem atraídas para
assisti-la, achando que será apenas mais uma das histórias em que zumbis ficam
vagando a procura de cérebros para se alimentarem, muita explosão de miolos e
violência gratuita. Acontece que The Walking Dead é uma série que retrata não a
relação entre seres humanos e zumbis e sim entre seres humanos e seres humanos.
À
medida que Rick (que é o protagonista) luta para manter a sua família viva,
acaba por descobrir que os sobreviventes podem ser bem mais perigosos do que os
zumbis que vagueiam pelo nosso planeta.
O
que verdadeiramente chama a atenção e nos faz refletir é o fato de expor de
maneira extrema a luta pela sobrevivência. Tanto aqui como no mundo
pós-apocalíptico, tem-se que ser mais esperto do que os outros, se não, paga-se
um alto preço. Aqui, no mundo real, usamos discursos e cargos públicos; lá,
armas e grades. Sem leis e sem religião, com o super-ego diluído e ausência de
punição, a consciência se torna livre. Encontram-se livres na mente, estão
porém, presos no corpo.
Teoricamente
poderiam inventar um jeito novo de se relacionarem, afinal o que existia até
então virou pó e ficou no passado. Acontece que temos muito mais da humanidade
do que gostaríamos e a relação entre os vivos torna-se, até certo ponto, caótica.
A luta pelo lugar tranquilo se dá ao som de tiros.
No
livro “A arte da guerra” de Sun Tzu, é colocado já nas primeiras páginas um
pensamento que diz que o objetivo de toda guerra é a paz. Estão dizendo que fazemos
guerra, matamos pessoas, enviamos nossos homens e damos armas a eles para que
matem outros homens, compramos munição, desenvolvemos ciência cada vez mais
avançada para criar meios cada vez mais eficazes de matar, para no final disso
ter paz? Contraditório. Parece-me que não cabem tantos egos e tantos desejos
dentro de um único mundo.
Na
série, os grupos de sobreviventes não confiam uns nos outros, se saqueiam,
roubam os lugares seguros, mentem, racionam comida e água. Inicialmente eram os
zumbis os seres a serem aniquilados a fim de manter a ordem, era deles o medo;
percebemos então, que os mais temidos são na verdade os seres humanos.
Quem
fala mais de nós, os zumbis ou os vivos?
Referências:
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4442552 (Acessado em 10 de Maio de 2016)
http://sociologiamelhormateria.blogspot.com.br/2012/10/the-walking-dead-e-sociologia.html (Acessado em 10 de Maio de 2016)